sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
INQUIETUDE por Perpétua Amorim
Inquietude
Quando aninha cá dentro
Uma saudade de não sei o que
Uma inquietude danada
Dessas de doer as entranhas
Misturando os sentimentos
Buscando uma estranha razão.
Mas quem disse que eu procuro razão?
Quero mesmo é divagar
Entre sonhos e pesadelos
Entre o real e o abstrato
Correr como corre o rio
Com sua língua desvairada
Lambendo pedras e ribanceiras
E sem culpa cuspir no mar.
Mas quem disse que eu procuro o mar?
Quero mesmo é olhar as estrelas
Pegar uma a uma na palma da mão
Fazer delas um banquete especial
Para o meu pobre andarilho
Que busca mais... Muito mais
Do que água e pão.
Mas quem disse que eu quero pão?
Quero mesmo é cavalgar por montanhas infindas
Atrás do meu ouro em potes
Que herdei de Ali Babá
Libertar-me da antiga túnica
E vestir meus sete véus
Engasgar-me com o que restou do vinho
E ser expulsa dos céus.
Mas quem disse que eu não quero os céus?
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