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Clube de Poetas do Litoral: Dois enterros - André Foltran: Meus pássaros não param de morrer. Esta manhã dois corpos recolhi : um na esquina onde te perdi, outro à janela em que me vi perder....
Meus pássaros não param de morrer.
Esta manhã dois corpos recolhi
: um na esquina onde te perdi,
outro à janela em que me vi perder.
Duas rasas covas ternamente abri,
pois cada morto é parte do meu ser,
e como eu não soubesse o que dizer
um epitáfio a cada um escrevi.
Ao meu primeiro pássaro: Aqui jaz
um amador que, por perder uma asa,
dormita, agora, em ninhos abissais.
E ao meu segundo pássaro: Aqui jaz
a pomba branca que fugiu de casa
e não retorna nunca, nunca mais...
- André Foltran
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